
Concorrência derruba preço dos combustíveis em Itajaí
Enquanto consumidores comemoram, donos de postos denunciam suspeita de sonegação fiscal
Poucos motoristas em Itajaí se deram conta do aumento aplicado ontem nos preços normais dos combustíveis. O repasse de cerca de R$ 0,07 a mais por litro de álcool e R$ 0,02 para a gasolina chamavam bem menos a atenção do que as promoções dos postos, para pagamento em dinheiro. Faixas e banners anunciando gasolina comum a R$ 2,09 e álcool a R$ 1,33 continuavam atraindo filas e revelando a voracidade da concorrência na cidade, que faz quase todos os postos derrubarem a margem de lucro e declararem uma verdadeira guerra de mercado. De acordo com o Sincombustíveis, que agrega os postos de 21 municípios do litoral catarinense, a concorrência é desleal e há suspeita de sonegação fiscal.O presidente do Sincombustíveis de Itajaí e região e diretor da Federação Nacional dos Combustíveis, Algenor Barros Costa, diz que a concentração de postos em Itajaí explica em parte a adesão generalizada a estas promoções. São 46 estabelecimentos distribuídos em 50 quilômetros quadrados de área urbana.– Temos fortíssima suspeita de que a origem destes preços venha da existência de empresas que compram o álcool diretamente de usineiros, sonegando toda a cadeia de impostos – denuncia o presidente do Sincombustíveis.Costa explica que o esquema parece ser mais fácil e rentável do que a adulteração da gasolina e acredita que envolva corrupção. Quando alguns postos vendem grandes volumes de álcool a preços muito abaixo do mercado, podem também diminuir a margem de lucro sobre a gasolina:– O consumidor quer preço baixo, então, estes postos viram bonzinhos e quem paga os impostos é o vilão.Para outro dono de posto de combustíveis em Itajaí, José Márcio Flores, a fila no pátio o dia todo não é motivo de comemoração.– É uma pressão enorme para vender grandes volumes. Não existe milagre que faça alguém vender a um preço desses por muito tempo, e dentro da lei, como nós fazemos. Muita gente vai à falência – afirmou o comerciante.As suspeitas do Sincombustíveis já foram denunciadas ao Ministério Público e à Secretaria de Estado da Fazenda. O MP informou ontem que tem processos em aberto para investigação de sonegação fiscal na 11ª Promotoria Regional da Ordem Tributária, em Itajaí. Na Secretaria da Fazenda, o gerente regional de Itajaí, Ivo Zanoni, declarou que os procedimentos correm em sigilo e que, paralelamente, o foco da fiscalização está sobre caminhões-tanque que chegam à região com combustível.O fato é que, mesmo com a suspeita de sonegação por parte dos donos de postos, os preços médios praticados em Itajaí – levando-se em conta a última pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e ignorando-se o preço promocional em dinheiro – ainda são os menores da região.
Fonte: Clicrbs.
SICILIA VECHI