De julho até agora ao menos 10 postos de combustíveis foram fechados em Campo Grande, segundo o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis , Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Estado de Mato Grosso do Sul).
Estabelecimentos comerciais foram fechados na Avenida Eduardo Elias Zahran, Costa e Silva, Mato Grosso, Júlio de Castilho, Albert Sabin e Rua Brilhante.
As altas no preço das distribuidoras e a falta de musculatura de empresários do ramo para fazer promoções fazem parte da guerra pelo mercado. O diretor de comunicação do Sinpetro, Antonio Carlos Paludo faz um alerta e diz que se o problema do setor continuar, o cenário ficará ruim para o consumidor.
Por enquanto, promoções estão esparramadas pela Capital dona de 140 postos. Mas, se houver um efeito dominó e os comércios quebrarem, o prognóstico é de preços mais altos futuramente. Sem falar no problema social, pois a cada unidade fechada, pessoas ficam no desemprego.
Diagnóstico
Paludo explica que a alta no preço dos combustíveis (gasolina e álcool) nas distribuidoras não tem sido repassado no valor do produto na bomba, ou seja, “os postos ao invés de repassarem ao consumidor absorvem e têm dificuldades”. Hoje, segundo ele, o posto ganha R$ 0,15 na venda do litro da gasolina e R$ 0,10 no do álcool.
O diretor do Sinpetro explica que de julho para cá, os postos sofreram com o reajuste em cinco centavos e não repassaram ao consumidor. “Não compensa. Se repassasse para o consumidor não enfrentaria o problema. O resultado é a guerra de preços”, frisa.
O preço do litro da gasolina em Campo Grande gira em torno de R$ 2,40 e R$ 2,50 já o álcool R$ 1,59. As promoções na cidade reduzem em até cinco centavos o preço.
‘Batizada’
Recentemente o Procon flagrou a venda de combustíveis adulterados em Campo Grande. O diretor do Sinpetro afirma que a fraude é uma característica prejudicial que aparece na disputa pelo mercado.
“Tudo é somatório. Quem altera a qualidade ou a quantidade se torna mais competitivo. O Procon identificou o problema em 26 postos. Defendo que deveria haver mais precisão nas análises porque os aparelhos ainda utilizados pelo Procon são manuais”.
Nas amostras coletadas havia mais álcool do que o permitido. Na gasolina o teor máximo é de 26%. Acima disso é adulteração.
O Midiamax noticiou em março deste ano o problema da falta de um convênio com laboratório para análise da qualidade do combustível vendido nos postos de Campo Grande. A mistura de álcool na gasolina, por exemplo, não pode ser superior a 28%. Se estiver acima, o desempenho do carro cai, aumenta o consumo e o dono do posto – ou o distribuidor do combustível – ampliam a margem de lucro, já que o álcool custa menos.
A situação deixa o consumidor totalmente à mercê dos comerciantes. O convênio que havia entre a ANP (Agência Nacional de Petróleo) e o laboratório da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) foi rompido há quase dois anos.
Receio
A funcionária pública, Marisa Barros, de 56 anos, é moradora do Conjunto Maria Aparecida Pedrossian. O carro dela é um Voyage a álcool.
“Temos que aproveitar as promoções. Já questionei o gerente do posto por causa do preço do álcool que custa R$ 1,54, muito barato. Mas, achei até viável a resposta. Ele disse que porque no posto não tem mais estrutura que dê gasto como lava jato e troca de óleo. A única coisa que pode oferecer para os clientes e a diferença no preço”.
“Pedi também para provar que não tinha água no combustível. Ele me explicou como o teste é feito nas provetas e mostrou ainda na nota fiscal o teor do álcool. Tem um posto na esquina de casa, mas venho aqui no Centro da cidade”.
O engenheiro ambiental, Luis Henrique Xavier, de 50 anos, disse que abastece somente em postos de gasolina que fazem promoções. “Mas a promoção é tentadora e como viajo muito tenho que encher o tanque de combustível. Já senti diferença no motor do carro, depois que comecei a abastecer em vários postos de gasolina que oferece combustível em promoção. O meu carro Fiat Uno, começou a falhar. Estou dirigindo de repente o carro para. Hoje mesmo vou abastecer R$ 100 de gasolina comum”.
O eletricista, Rubens Valenzuela, de 42 anos, alega que nunca questionou sobre o preço da gasolina estar mais barato do que outros postos de gasolina . “Eu não sinto diferença quando coloco gasolina mais barata. E nunca questionei sobre o preço. Acredito que a maioria dos motoristas pensa somente no bolso. E nem questiona se a gasolina esta misturado com água”.
O gerente geral, Natanael dos Santos, do posto São Marco que fica na Rua Padre João Crippa esquina com a Marechal Rondon mostrou para a reportagem do Midiamax como é feito o teste para garantir a qualidade no produto.