quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Guerra de Preços, consequência....

Disputa por mercado já fechou 10 postos na Capital do Mato Grosso.

De julho até agora ao menos 10 postos de combustíveis foram fechados em Campo Grande, segundo o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis , Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Estado de Mato Grosso do Sul).

Estabelecimentos comerciais foram fechados na Avenida Eduardo Elias Zahran, Costa e Silva, Mato Grosso, Júlio de Castilho, Albert Sabin e Rua Brilhante.

As altas no preço das distribuidoras e a falta de musculatura de empresários do ramo para fazer promoções fazem parte da guerra pelo mercado. O diretor de comunicação do Sinpetro, Antonio Carlos Paludo faz um alerta e diz que se o problema do setor continuar, o cenário ficará ruim para o consumidor.

Por enquanto, promoções estão esparramadas pela Capital dona de 140 postos. Mas, se houver um efeito dominó e os comércios quebrarem, o prognóstico é de preços mais altos futuramente. Sem falar no problema social, pois a cada unidade fechada, pessoas ficam no desemprego.

Diagnóstico

Paludo explica que a alta no preço dos combustíveis (gasolina e álcool) nas distribuidoras não tem sido repassado no valor do produto na bomba, ou seja, “os postos ao invés de repassarem ao consumidor absorvem e têm dificuldades”. Hoje, segundo ele, o posto ganha R$ 0,15 na venda do litro da gasolina e R$ 0,10 no do álcool.

O diretor do Sinpetro explica que de julho para cá, os postos sofreram com o reajuste em cinco centavos e não repassaram ao consumidor. “Não compensa. Se repassasse para o consumidor não enfrentaria o problema. O resultado é a guerra de preços”, frisa.

O preço do litro da gasolina em Campo Grande gira em torno de R$ 2,40 e R$ 2,50 já o álcool R$ 1,59. As promoções na cidade reduzem em até cinco centavos o preço.

‘Batizada’

Recentemente o Procon flagrou a venda de combustíveis adulterados em Campo Grande. O diretor do Sinpetro afirma que a fraude é uma característica prejudicial que aparece na disputa pelo mercado.

“Tudo é somatório. Quem altera a qualidade ou a quantidade se torna mais competitivo. O Procon identificou o problema em 26 postos. Defendo que deveria haver mais precisão nas análises porque os aparelhos ainda utilizados pelo Procon são manuais”.

Nas amostras coletadas havia mais álcool do que o permitido. Na gasolina o teor máximo é de 26%. Acima disso é adulteração.

O Midiamax noticiou em março deste ano o problema da falta de um convênio com laboratório para análise da qualidade do combustível vendido nos postos de Campo Grande. A mistura de álcool na gasolina, por exemplo, não pode ser superior a 28%. Se estiver acima, o desempenho do carro cai, aumenta o consumo e o dono do posto – ou o distribuidor do combustível – ampliam a margem de lucro, já que o álcool custa menos.

A situação deixa o consumidor totalmente à mercê dos comerciantes. O convênio que havia entre a ANP (Agência Nacional de Petróleo) e o laboratório da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) foi rompido há quase dois anos.

Receio

A funcionária pública, Marisa Barros, de 56 anos, é moradora do Conjunto Maria Aparecida Pedrossian. O carro dela é um Voyage a álcool.

“Temos que aproveitar as promoções. Já questionei o gerente do posto por causa do preço do álcool que custa R$ 1,54, muito barato. Mas, achei até viável a resposta. Ele disse que porque no posto não tem mais estrutura que dê gasto como lava jato e troca de óleo. A única coisa que pode oferecer para os clientes e a diferença no preço”.

“Pedi também para provar que não tinha água no combustível. Ele me explicou como o teste é feito nas provetas e mostrou ainda na nota fiscal o teor do álcool. Tem um posto na esquina de casa, mas venho aqui no Centro da cidade”.

O engenheiro ambiental, Luis Henrique Xavier, de 50 anos, disse que abastece somente em postos de gasolina que fazem promoções. “Mas a promoção é tentadora e como viajo muito tenho que encher o tanque de combustível. Já senti diferença no motor do carro, depois que comecei a abastecer em vários postos de gasolina que oferece combustível em promoção. O meu carro Fiat Uno, começou a falhar. Estou dirigindo de repente o carro para. Hoje mesmo vou abastecer R$ 100 de gasolina comum”.

O eletricista, Rubens Valenzuela, de 42 anos, alega que nunca questionou sobre o preço da gasolina estar mais barato do que outros postos de gasolina . “Eu não sinto diferença quando coloco gasolina mais barata. E nunca questionei sobre o preço. Acredito que a maioria dos motoristas pensa somente no bolso. E nem questiona se a gasolina esta misturado com água”.

O gerente geral, Natanael dos Santos, do posto São Marco que fica na Rua Padre João Crippa esquina com a Marechal Rondon mostrou para a reportagem do Midiamax como é feito o teste para garantir a qualidade no produto.

A medida é feita através de uma proveta de 100 ml. “Coloco 50 ml de água e 50 ml de gasolina. Misturo os dois. Depois, fica assim entre a numeração de 50 ml até 62 ml tem que ficar o teor do álcool. Está na marca de 12 ml que multiplicado por 2(dois) dá um total de 24% de teor de álcool. Tem que ser de 24% ate 26% de teor de álcool”. Fonte: Midiamix REGINALDO COELHO/ALEXXANDRA CARVALHO